quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Pergunta N°1: "Que café eu compro?"

Se me apresento como Classificador e Degustador ou quando descobrem que sou fonte de informações sobre café, vem a pergunta fatal: "Que café eu compro?". De imediato eu caio num abismo. Essa resposta envolve explicações extensas e acima de tudo, o ouvinte deve estar preparado para a resposta, cabeça aberta para adquirir uma nova cultura, paciência e vontade de aprender. Já adianto que não será possível dar uma resposta completa de uma vez só. Com o decorrer do tempo, com outras dúvidas surgindo e nosso conhecimento aumentando, teremos informações de alto nível para compormos nossa formação.

Parto do princípio que o meu objetivo no cafezinhoetal é fazer com que a cultura a respeito do café cresça e quando digo cultura, me refiro à história, cultivo, apreciação e todas as possibilidades relacionadas ao grão. Outra tática é “soltar” as informações aos poucos, evitando uma sobrecarga de dados e uma baixa retenção do que queremos aprender.

Para comprarmos café, é necessário sabermos o que é um bom café e ainda antes disso, o que é O CAFÉ.

O cafezinhoetal vai sempre “tentar fugir” de fontes retiradas da própria Web.

Eu estudo o café, eu leio sobre café em diferentes idiomas e realizo trabalhos (ainda que cada vez mais raros no Rio de Janeiro) dentro desse campo.

Não vejo sentido em colocar aqui informações que qualquer pessoa pode obter sozinha através de sites de buscas e enciclopédias online, o mérito para isso seria “zero”. Digo “tentar fugir” pois a minha memória tem limites e algumas referências ou enumerações de dados extensos podem ser retiradas da Internet, mas apenas quando sua precisão é garantida. Portanto, peço ao leitor que me desculpe pelas falhas humanas que possam aparecer, mas tenha em mente que a informação colocada aqui vem de diversos cursos e experiências reais adquiridas com tempo e prática, que estão na minha cabeça e não são meras e imprecisas compilações do que se encontra na rede.
 
Básico e objetivo:

Existem mais de 100 espécies de café (não preciso colocar nomes científicos aqui, ninguém guarda), mas duas dessas espécies são mais cultivadas e comercializadas: Coffea arabica e canephora. Quase sempre falaremos do “arábica”, pois produz a bebida mais nobre, classificável e degustável. O canephora (não menos importante), falaremos com o tempo. Por hora, basta saber que o robusta e o conilon são variedades da espécie canephora. Aproveitando a oportunidade, notem que no Brasil robusta e conilon se tornaram sinônimos, quando na verdade são duas variedades, dentro da mesma espécie. O cafezinhoetal já começa derrubando mitos! Eis aí um tipo de informação que não se adquire na internet, na verdade, fiz uma busca sobre o assunto e fiquei surpreso ao descobrir que todos os sites estão informando errado. Bem, paremos por aqui no que diz respeito à botânica.

Coffea arabica
Coffea canephora
Sabendo o que é o café (em termos concretos), retornamos ao café bom.
O canephora é mais utilizado na indústria dos cafés solúveis (mistura em pó, feitos apenas com água, sem filtro). A utilização dessa espécie como blend (mistura de grãos para se obter uma bebida) é prática cada vez mais comum, mas esse é outro assunto extenso...
 
O arábica é o grão que você deve buscar no mercado, caso queira degustar ou classificar uma bebida/grão, por enquanto, retenha esta informação apenas ("Mas..mas...o que você quer dizer quando separa bebida/grão? Então o canephora não é bom? Só posso classificar o arábica? E se eu gostar mais do outro? Argh! Não estou entendendo nada!").

Por aí já se nota a necessidade de sermos pragmáticos nessa complexa escola. Não devemos ainda dar um passo muito grande pois no Universo do café as Leis não são exatas.

Via de regra, o café que possui a palavra "tradicional" (ou não indica nada) na embalagem não é 100% proveniente da espécie arábica. O Gourmet, Premium e Especial são os cafés 100% arábica.

Tente comprar cafés variados, mesmo aqueles que acha ruim. Faça testes, beba como quiser, veja as diferenças entre eles. Por enquanto, não se prenda a certo e errado, utilize seus sentidos, seu olfato, suas papilas gustativas, sua visão.

Aos poucos, entraremos nos detalhes das técnicas de degustação de café, como reconhecê-los e classificá-los, seus defeitos, seu cultivo. Tenha em mente que para conhecer essa bebida, o primeiro passo é experimentar muito.

Sem saber que está aprendendo, quando os conceitos começarem a aparecer, será bem mais fácil acessar sua memória sensorial e relacioná-la ao conhecimento adquirido.

Um comentário:

  1. Amigo, sou louco por um cafezinho e muitas vezes já me peguei salivando ao pensar que ao chegar em casa minha esposa terá preparado um delicioso.
    Realmente não entendo nada de café. Só sei quando ele está gostoso ou quando está uma b....
    Gostei da tua iniciativa. Vou passar por aqui sempre, pois, acho que isso "vai dar samba". Abração. PC

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