sexta-feira, 6 de maio de 2011

GUEST POST - O cafeeiro no Brasil: uma planta de sucesso

Nota: Muito obrigado pelo retorno que tenho recebido em tão pouco tempo. Várias pessoas disseram que não sabiam que existiam tantas informações sobre café. Fiquei surpreso, pois fiz apenas uma breve introdução, para um assunto que é praticamente inesgotável. Nas últimas horas, pensava em escrever algo sobre história do café, mais como obrigação, confesso. As informações de Internet são péssimas, sempre aqueles textos maçantes de 10 linhas contando aquela historinha do Francisco de Melo Palheta. Para escrever um texto decente sobre o tema, só com pesquisa detalhada e tempo livre.

Ocorreu então uma daquelas telepatias inexplicáveis. O meu pai me aparece com um texto completíssimo, pesquisado, cheio de estilo e qualidade literária, resultado de uma vida de escritor.

Boa leitura! 

Fabiano




O autor, Fabiano Mauro Ribeiro
em foto de Caetano Mauro
na Livraria Travessa Ouvidor, Rio de Janeiro.


Aproveitando seu excelente blog, exponho uma pequena nesga, sobre a vinda do cafeeiro para o Brasil. Como se sabe, e me guiando em minhas poucas luzes sobre o assunto, principalmente apoiado no mestre M Pio Corrêa, parece que o Coffea arabica L. (C.laurifolia Sal.C. Molka, C. Vulgaris Moench) família das Rubiáceas, tem como primeira entrada no Brasil ou pelo Amazonas, segundo uns, ou Pará segundo outros, no ano de 1723. Corrêa acha que a verdade está com os últimos, e é bom que se creia nesse excepcional autor, do fantástico dicionário, hoje, obra relativamente difícil de se achar. Assim já lá vão mais de três séculos. O responsável pela introdução da planta antes até indicativa de verdades terapêuticas, seria o cidadão Francisco de Melo Palheta, que trouxe as mudas das Guianas Francesas. São os dados que os historiadores dispõem, mas que ninguém se surpreenda, se a qualquer hora eles possam ser contestados.

A expansão para as regiões de Minas e São Paulo se deu por volta de 1762, sem que se possua dados perfeitamente exatos. Somente a partir de 1810 o cafeeiro brasileiro se expandiu, até ocupar um dos lugares mais expressivos do mundo no inicio do século XIX até seu apagar das luzes, na transição do novo século. É conhecido o reflexo da ou das crises que açoitaram essa rubiácea quase mágica pela atração que exerce em todo mundo. Entre nós a derrocada do café no interior de São Paulo e no Vale do Paraíba em especial, acabou por deixar marcas trágicas – fazendas arruinadas, fortunas em declínio, ilusões desfeitas, suicídios e falências, um verdadeiro cenário de fim de guerra. O declínio do chamado “Ouro Verde” é o declínio e o eclipse da Fazenda Clássica. O bruxulear das luzes dos vastos alpendres, a ameaça de ruína dos belos casarões cujos nomes, no dizer do poeta Ascenso Ferreira, faziam sonhar – divide-se a história econômica em “Antes e depois dos tempos do café”.

É de se lembrar antes desses dias, que no Estado do Rio de Janeiro, no ano de 1770, nas chácaras dos conhecidos “Frades Barbadinhos”, introduziram-se mudas vindas da expansão cafeeira do Maranhão, por um certo juiz J.A. Castelo Branco. Os Barbadinhos liberaram mudas para plantadores dos antigos sítios de Inhaúma, Campo Grande, até Resende –há uma corrente que aceita como essa orígem responsável pelas mudas chegadas ao resto do interior do Rio até São Paulo. O café de Jundiaí e Campinas ganhava o Vale do Paraíba e o Norte de São Paulo rumo a Ribeirão Preto. Houve quem, eufórico ante essa expansão, cognominasse a visão das plantações, de “oceanos de café”. Para se ter uma idéia, anotam os historiadores que Ribeirão Preto em 1885, exportava 600 mil sacas ano.

Sem duvida alguma se os emigrantes em geral, especialmente o italiano, fizeram muito por São Paulo, não se olvide que o café foi nesses idos o esteio principal. Íamos entrar o novecentos ainda com a esperança e a solidez de que o Brasil possuía uma das maiores riquezas mundiais de então. Mas todo processo sofre a inexorável seqüência, começo meio e fim. Hoje o café não perdeu sua posição, mas não voltou a ser aquela frutinha vermelha fascinante que criou o chamado Eldorado do Norte Paulista.


Fontes:

CORREA, M. Pio. Dicionario de Plantas Úteis do Brasil. Imprensa Nacional, 1926.
CALMON, Pedro. Historia do Brasil. Melhoramentos.
Enciclopédia W.M.Jackson, Inc.

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