terça-feira, 24 de maio de 2011

Feliz dia do café! Ué, mas não foi outro dia?


Queria fazer uma postagem simpática sobre a origem do dia do café mas ainda não se explica ao certo os motivos da data.

Sabe-se que a ABIC determinou em 2005 que o dia Nacional do Café seria 24 de maio.

Só que essa criatura que vos escreve não aceita nada sem explicações e o chato é que ainda não consegui descobrir nada.

Já pensei em proximidade da safra ou, mais uma vez, a “incrível” viagem de Francisco de Melo Palheta e suas super mudas que não morrem em semanas dentro de malas.

É claro que já enviei um e-mail para a ABIC (telefone não atendem) perguntando.

Em minha curiosidade pelas origens de tudo, cometi o erro de procurar no Google sobre o dia nacional e o internacional. O nacional, repetem sempre que foi data criada em 2005 e só. Já o internacional, não se consegue saber que dia é. Alguns dizem 14 de abril, 20 de setembro, entre quatro outras datas.

Amigos, juro que a minha intenção é propagar a tradição de nossa querida bebida, mas o país que é maior produtor mundial precisa ser levado a sério.

Meu palpite é que todas essas datas foram criadas para atender interesses comerciais (o que é perfeitamente admissível), mas então que assim seja explicado ao público. Não seria difícil encontrar datas de fatos históricos, eventos, curiosidades relativas ao café e escolher um dia mais significativo para o grão.

Minha proposta é que todos os dias sejam dias do café, enquanto tais datas estiverem desprovidas de significado. Vamos então tomar uma xícara pelo dia de hoje (e pelo de amanhã também).

Várias cafeterias farão degustações de café no dia de hoje, sugiro perguntar pelas vizinhanças para que os eventos não passem em branco.


Abraços!    

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dica 4

Além do café com açúcar, experimente também as delícias do sal no queijo, açúcar na Coca-Cola e o maravilhoso pão com farinha (Hummm!).

Agora falando sério: Colocar açúcar no café distorce os 5 sabores e todas as xícaras serão sempre iguais. Você quer beber o mesmo café para sempre?

Quebrando os Paradigmas: Café com ou sem açúcar?

Antes de mais nada agradeço a participação de vocês, faz pouco tempo que o blog foi criado e já temos até leitores fiéis. Muito bacana, pessoal!

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Na relação de títulos de postagens futuras que eu faço o tempo todo e em todos os lugares (e que não para de crescer) o que vamos abordar hoje é de extrema importância e justo por ser muito delicado, deixei passar alguns dias até bolar uma forma de escrever sobre isso que não vá espantar os nossos leitores, mas digo desde já que é algo que vai alterar totalmente sua percepção sobre a degustação de café.

“Com ou sem açúcar?”


 Se queremos degustar o café, utilizaremos os cinco sentidos: olfato, paladar, visão e até mesmo o tato e audição (para a torra “podemos” utilizar visão, olfato, tato e audição pois um bom degustador tem que conhecer a torra). Por enquanto, vamos nos prender ao paladar (o paladar pode ser afetado pelo olfato e pela visão).

As papilas gustativas que se encontram na língua são as células sensoriais responsáveis pelo paladar. Não precisamos detalhar os tipos de papilas e tecidos. Basta sabermos que elas carregam os sabores doce, salgado, amargo, ácido e umami para o cérebro, se regeneram constantemente e cada vez menos com o passar dos anos principalmente se forem afetadas pelo excesso de álcool e fumo. Apesar de existirem locais específicos da língua para os diferentes sabores, todas as papilas detectam todos os sabores só que em maior ou menor intensidade. Se você está se perguntando “Que raios é o umami?”, saiba que foi reconhecido oficialmente como o quinto sabor. O umami é percebido principalmente em alimentos que contenham glutamato monossódico (alimentos proteicos: são muitos...).

Há pouco tempo descobri que demais sabores como o apimentado, por exemplo, possuem o mesmo processo de transmissão neurológica da dor. Interessante.


Por mais estranho que possa parecer, podemos perceber os cinco sabores numa xícara de café sem açúcar que não necessariamente sempre possui todos, pois cada grão apresenta seus sabores próprios.

Colocando açúcar (ou adoçante) no café, o sabor predominante será sempre o doce e algumas notas muito atenuadas dos outros, ou seja, você terá sempre uma bebida doce e a degustação praticamente não existirá, pois todas as xícaras serão iguais. Imagine um laudo de degustação de café com açúcar: “Aroma doce, bebida doce, com traços de doce e notas adocicadas. Aftertaste predominantemente doce”. Está explicado porque o café da vovó marcou sua infância, cheio de açúcar!

Amigos, é realmente muito difícil interferir nos hábitos diários de toda uma vida. O que eu posso dizer para lhes dar força neste novo universo de sabores é que até hoje, de todas as pessoas que pararam de colocar açúcar no café devido às minhas explicações, nunca ninguém se arrependeu, pelo contrário, me agradecem até hoje. As estatísticas estão a favor do degustador! Tenho também o desafio pessoal de minha querida esposa: só pede o café carioca e com adoçante. "Casa de ferreiro, espeto de pau". Mas no caso dela, ainda nem se aventurou no café puro.

Da próxima vez que você pensar que precisa de algo doce, não pense em nosso amigo café como sobremesa, coma um doce e após beber uma água para lavar a língua, deguste um bom café, com toda sua explosão de sabores, incluindo o doce sutil e natural que apenas essa bebida pode nos dar. 

terça-feira, 10 de maio de 2011

E para começar...

Fran´s Café - Botafogo Praia Shopping


A cafeteria abriu faz pouco mais de uma semana.
O cardápio tenta abraçar café da manhã, almoço, chá da tarde e jantar. Por enquanto, cumpre a missão.
Os sanduíches e wraps que pedi foram feitos com capricho, apesar do queijo sofrer do grande mal de todos os queijos (e presuntos) do RJ e SP: não tem gosto, apenas sal.

As sopas no pão Italiano são uma boa pedida para quem quer chegar mais leve em casa, ao final do dia.
Destaque para os Smoothies (shakes de sorvete e frutas) e o saboroso pudim de café, que recomendo fortemente!


Sopa no pão italiano

Drinques variados de café. O de conhaque com chocolate precisa melhorar, deixei a metade da bebida no copo pois ocorreu algum problema com o derretimento do chocolate (parecia mais um “flan”).

Como toda casa nova (digo nova nesse local, pois a franquia já possui outras 4 lojas na Barra da Tijuca) os atendentes ainda estão muito simpáticos e de boa vontade, apesar do pouco conhecimento do cardápio. O preço médio por pessoa considerando entrada, refeição principal, sobremesa e café é de R$ 35,00.

Vamos a minha parte preferida: o café!

Alguns dias antes, degustei um espresso (sempre curto ou menor, sempre, sempre, sempre) que foi bem extraído pela barista, visto que era véspera de Dia das Mães e casa lotada.

Apesar de corretamente servida, a bebida não se mostrou muito saborosa, aroma fraco, forte amargor e raríssimos ácidos. Diria que esse café pode ser um blend (preciso ainda ver os grãos) com predominância para mogiana (procedência) e a xícara degustada era bebida mole (tive que repetir a degustação para concluir), encorpada (em artigos futuros desse blog ainda veremos o que isso significa), com aftertaste levemente adocicado e pouco persistente. Essa foi a minha prova cega.

Em minha última visita, perguntei sobre o grão, mas ninguém sabia informar nada a respeito (também não entrei no site, se existe). Esse tipo de situação é comum aqui no Rio e acaba por atiçar minha curiosidade sobre o produto. Tomo essas situações como desafio de degustação e após minha classificação (nesse caso, apenas sensorial, pois não tenho o grão cru para classificá-lo corretamente) confronto com as informações que consigo obter com o fornecedor.

Pedi para ver a embalagem onde não existe qualquer informação do café, apenas um endereço de São Paulo, onde não fica claro tratar-se de empresa, fazenda ou seja o que for (nesse momento, meu palpite sobre mogiana esquentou). Existe um selo de pureza da ABIC (também será alvo de papos futuros). Importante deixar claro que esse selo de pureza é o mais básico de todos (muitos cafés tradicionais possuem) e garante apenas a ausência de defeitos extrínsecos no café (paus, pedras e cascas). No local destinado para data de validade não existe data de torra, consta apenas vencimento em algum mês de 2012 (?). Isso realmente é muito grave e merece um parágrafo à parte.

Sou obrigado a entrar nessa questão da apresentação do café. Não se pode exigir muito de um pequeno fornecedor que produz e entrega seu café artesanalmente. Mas a embalagem de um café que é vendido para o varejo em grandes centros comerciais na maior franquia de cafeterias do país, precisa ser informativa. A falta de dados sobre o produto me faz desconfiar imediatamente de pelo menos uma dúzia de irregularidades que “podem existir” e são escondidas pela ausência de informação, o que não deixa de ser uma forma de se aproveitar do público leigo. Um exemplo também comum nos dias de hoje são as televisões LCD, LED e Plasma que não informam resolução nem contraste e quando isso acontece, é porque não são FULL HD. Por favor, não estou dizendo que seja o caso deste café em especial, pois tais práticas equivocadas já se tornam regras em nosso mercado e a pressa e falta de critério para vender o produto acaba por resultar nesse tipo de problema.

Da mesma forma que o produto pode ser muito bom e suas qualidades podem ser desperdiçadas no momento da venda (deixa de vender) também pode ter sido torrado a mais de um ano, sem falar que o grão cru pode ser de qualquer safra dos últimos 20 anos! No mínimo, o grão cru de maio de 2011 já tem um ano, pois a safra de 2011 ainda começa em maio/junho deste ano, mesmo período para a safra anterior de 2010. Isso mesmo, é aterrorizante mas é verdade. Vejam então a importância da regulamentação e das embalagens informativas.

Está na hora de sabermos o que estamos comprando com nosso suado dinheiro. Você compra chocolates e vinhos sem data de fabricação? Então porque aceitaria um café sem data de torra e/ou safra? Eu encontro todos os dias nas gôndolas dos mercados cafés com validade para um ano a às vezes, superior. Se um ano já é tempo demais para grãos torrados, imagine então café moído com validade de um ano.

Então vem a pergunta: “Mas Fabiano, e a embalagem a vácuo?”
Imagine que uma lâmpada normal, mesmo no suposto vácuo, já sofre oxidação por pequenos e progressivos orifícios por onde se dá a ação do oxigênio. Você acha então que a embalagem a vácuo de um café é perfeita?

Me desculpem por me estender demais, mas tem que ser assim.
Comprei então 1 Kg do grão torrado (não existia menor) por algo em torno de R$ 36,00 (para o seu bem não vou falar de preços agora...). Para minha alegria, fiquei surpreso e ao mesmo tempo honrado por ter sido a primeira pessoa a comprar o grão naquela loja!

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Tentei várias vezes entrar em contato com o atendimento ao cliente do Fran´s, mas não consegui falar com ninguém. Vamos então prosseguir com a análise do grão.


Os tipos de grãos realmente variados reforçam a impressão que tive quando achei que era blend (mistura de vários grãos). Peneira 16 e acima, com algumas variações abaixo, embora insignificantes. O café apresenta pouquíssimos defeitos, mas apenas se tivesse o grão cru em mãos poderia me aprofundar na classificação.

Como alguns grãos apresentam brilho, um classificador precipitado poderia dizer que a torra passou do ponto, mas a torra está perfeita e uniforme. Provavelmente existem problemas de embalagem, transporte e conservação do grão após o lacre, mesmo sendo valvulada.


No "cupping", minhas expectativas foram superadas. Ao provar o espresso (na loja) alguns dias atrás foi difícil classificá-lo como bebida mole, mas tive o pressentimento de que outros fatores poderiam impactar pois as demais características da bebida estavam em patamar bem aceitável para café especial. Fora da máquina da loja e seguindo o padrão correto de degustação de café, não tive dúvidas quanto ao fato de que se trata de bebida mole, predominante amarga com contrastes ácidos e aftertaste adocicado (notas de baunilha).

Muito instrutivo para o leitor do blog e aspirante a degustador que notar a existência de uma discrepância entre a bebida degustada e a que é vendida. Concluímos que existem outros fatores atuando na loja, interferindo na extração do espresso. Não é "Atividade Paranormal", na verdade trata-se de coisa bem simples, mas vou parar por aqui, pois faço de graça para esta simpática cafeteria o que geralmente cobro para fazer.



É bem provável que a esta altura o leitor do blog que aguentou chegar até aqui não tenha entendido 70% do que expliquei. Por favor, não desistam de mim e nem se desesperem, pois de forma proposital lhes dei uma amostra em escala muito reduzida do que é o trabalho de um classificador, ainda falta aqui o grão cru para classificação de defeitos e inúmeros outros testes que variam de acordo com a necessidade do cliente. Minha intenção é instigar sua curiosidade para que tenhamos um interesse crescente na classificação e degustação dessa bebida fantástica. Tudo a seu tempo, amigos.

Abraços e obrigado pela participação!

Fabiano

Dica 3

Não guarde café moído por mais de 10 dias. A oxidação é constante, principalmente após abrir a embalagem. Por isso, observe se a data de moagem é recente e compre apenas o que vai consumir neste prazo.

sábado, 7 de maio de 2011

Dica 2

Você quer saber porque deve comprar café 100% arábica?
Você compraria vinho estragado e maçãs podres?
O raciocínio é o mesmo.

Música para degustação, ou melhor, audição

Por volta de 1732 Bach nos presenteou com a Cantata do Café (Schweigt stille, plaudert nicht, BWV 211).


A Cantata do Café é uma opereta onde um pai repreende sua filha por seu vício pelo café, em caráter jocoso e profano.


Na época, surgiam diversas proibições envolvendo o café entre os embates da Contra-Reforma.

Estimulante pecaminoso consumido por pagãos!
Mistério: Afinal o que é o Java Jive? Um café? Uma dança? Ou um hamburguer com cebola?


JAVA JIVE

I love coffee, I love tea
I love the java jive and it loves me
Coffee and tea and the java and me
A cup, a cup, a cup, a cup, a cup (boy!)

I love java, sweet and hot
Whoops mr. moto, Im a coffee pot
Shoot the pot and Ill pour me a shot
A cup, a cup, a cup, a cup, a cup

Oh slip me a slug from the wonderful mug
And Ill cut a rug just snug in a jug
A sliced up onion and a raw one
Draw one -
Waiter, waiter, percolator

I love coffee, I love tea
I love the java jive and it loves me
Coffee and tea and the java and me
A cup, a cup, a cup, a cup, a cup

Boston bean (soy beans)
Green bean (cabbage and greens)
Im not keen about a bean
Unless it is a chili chili bean
(boy!)

I love java sweet and hot
Whoops mr. moto Im a coffee pot (yeah)
Shoot me the pot and Ill pour me a shot
A cup, a cup, a cup (yeah)

Slip me a slug of the wonderful mug
an Ill cut a rug just as snug in a jug
Drop a nickel in the pot joe
Takin it slow
Waiter, waiter, percolator

I love coffee, I love tea
I love the java jive and it loves me
Coffee and tea and the java and me
A cup, a cup, a cup, a cup, boy!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

As 1001 Histórias do Café Brasileiro

O texto da VINDA DO CAFEEIRO PRO BRASIL corretamente reforça as restrições que tenho com relação a história do F.M.Palheta que é incansavelmente repetida sem nunca figurar documentação satisfatória.

Existem variações onde o Sargento teria se agraciado pela esposa do Governador (lá...na Guiana Francesa) que colocou em sua bagagem uma pequena muda (claro que não! Seriam grãos, na forma seca, conhecida como coco) sem que o Sr. Francisco soubesse. Que bela história.

Ana Luiza Martins em seu delicioso livro "História do Café" (ed.contexto), conta que a representação de Palheta ganhou força a partir de 1927 quando do bicentenário da introdução do café no Brasil, onde uma série de estudos privilegiou sua imagem e consolidou-se a frase oficial: "o café foi introduzido no Brasil por Francisco de Melo Palheta, no ano de 1727".

Agora fiquem espantados: o café já existia no Brasil desde 1663, vindo de Portugal. O diplomata português Duarte Ribeiro de Macedo (lotado na corte francesa de Luís XI) em seu Discurso sobre os gêneros de comércio que há no Maranhão, citava 37 produtos, entre eles o café.

Deixando de lado o arábica do Palheta (ou de Portugal), existe uma outra história do café no Brasil que foi esquecida. Quem trouxe o canephora? Essa história muito mais recente (o conilon, por exemplo, foi descoberto no Congo, em 1980) ninguém ainda me mostrou.

Desculpem-me amigos, eu sei que é confuso (eu avisei) mas o nosso blog quer questionar esses mitos, quem sabe, não damos aqui uma contribuição importante para a história do café?

Vejam que diversão legal: me ajudem a descobrir quem trouxe a outra espécie de café para o Brasil (seja robusta ou conilon), vamos pesquisar?

GUEST POST - O cafeeiro no Brasil: uma planta de sucesso

Nota: Muito obrigado pelo retorno que tenho recebido em tão pouco tempo. Várias pessoas disseram que não sabiam que existiam tantas informações sobre café. Fiquei surpreso, pois fiz apenas uma breve introdução, para um assunto que é praticamente inesgotável. Nas últimas horas, pensava em escrever algo sobre história do café, mais como obrigação, confesso. As informações de Internet são péssimas, sempre aqueles textos maçantes de 10 linhas contando aquela historinha do Francisco de Melo Palheta. Para escrever um texto decente sobre o tema, só com pesquisa detalhada e tempo livre.

Ocorreu então uma daquelas telepatias inexplicáveis. O meu pai me aparece com um texto completíssimo, pesquisado, cheio de estilo e qualidade literária, resultado de uma vida de escritor.

Boa leitura! 

Fabiano




O autor, Fabiano Mauro Ribeiro
em foto de Caetano Mauro
na Livraria Travessa Ouvidor, Rio de Janeiro.


Aproveitando seu excelente blog, exponho uma pequena nesga, sobre a vinda do cafeeiro para o Brasil. Como se sabe, e me guiando em minhas poucas luzes sobre o assunto, principalmente apoiado no mestre M Pio Corrêa, parece que o Coffea arabica L. (C.laurifolia Sal.C. Molka, C. Vulgaris Moench) família das Rubiáceas, tem como primeira entrada no Brasil ou pelo Amazonas, segundo uns, ou Pará segundo outros, no ano de 1723. Corrêa acha que a verdade está com os últimos, e é bom que se creia nesse excepcional autor, do fantástico dicionário, hoje, obra relativamente difícil de se achar. Assim já lá vão mais de três séculos. O responsável pela introdução da planta antes até indicativa de verdades terapêuticas, seria o cidadão Francisco de Melo Palheta, que trouxe as mudas das Guianas Francesas. São os dados que os historiadores dispõem, mas que ninguém se surpreenda, se a qualquer hora eles possam ser contestados.

A expansão para as regiões de Minas e São Paulo se deu por volta de 1762, sem que se possua dados perfeitamente exatos. Somente a partir de 1810 o cafeeiro brasileiro se expandiu, até ocupar um dos lugares mais expressivos do mundo no inicio do século XIX até seu apagar das luzes, na transição do novo século. É conhecido o reflexo da ou das crises que açoitaram essa rubiácea quase mágica pela atração que exerce em todo mundo. Entre nós a derrocada do café no interior de São Paulo e no Vale do Paraíba em especial, acabou por deixar marcas trágicas – fazendas arruinadas, fortunas em declínio, ilusões desfeitas, suicídios e falências, um verdadeiro cenário de fim de guerra. O declínio do chamado “Ouro Verde” é o declínio e o eclipse da Fazenda Clássica. O bruxulear das luzes dos vastos alpendres, a ameaça de ruína dos belos casarões cujos nomes, no dizer do poeta Ascenso Ferreira, faziam sonhar – divide-se a história econômica em “Antes e depois dos tempos do café”.

É de se lembrar antes desses dias, que no Estado do Rio de Janeiro, no ano de 1770, nas chácaras dos conhecidos “Frades Barbadinhos”, introduziram-se mudas vindas da expansão cafeeira do Maranhão, por um certo juiz J.A. Castelo Branco. Os Barbadinhos liberaram mudas para plantadores dos antigos sítios de Inhaúma, Campo Grande, até Resende –há uma corrente que aceita como essa orígem responsável pelas mudas chegadas ao resto do interior do Rio até São Paulo. O café de Jundiaí e Campinas ganhava o Vale do Paraíba e o Norte de São Paulo rumo a Ribeirão Preto. Houve quem, eufórico ante essa expansão, cognominasse a visão das plantações, de “oceanos de café”. Para se ter uma idéia, anotam os historiadores que Ribeirão Preto em 1885, exportava 600 mil sacas ano.

Sem duvida alguma se os emigrantes em geral, especialmente o italiano, fizeram muito por São Paulo, não se olvide que o café foi nesses idos o esteio principal. Íamos entrar o novecentos ainda com a esperança e a solidez de que o Brasil possuía uma das maiores riquezas mundiais de então. Mas todo processo sofre a inexorável seqüência, começo meio e fim. Hoje o café não perdeu sua posição, mas não voltou a ser aquela frutinha vermelha fascinante que criou o chamado Eldorado do Norte Paulista.


Fontes:

CORREA, M. Pio. Dicionario de Plantas Úteis do Brasil. Imprensa Nacional, 1926.
CALMON, Pedro. Historia do Brasil. Melhoramentos.
Enciclopédia W.M.Jackson, Inc.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Paixão e Decepção

Todo gamer diz que nasceu jogando. No meu caso seria mentira.

Com quantos anos uma criança consegue apertar um botão para ligar o console? Quatro talvez? Se for isso, eu comecei aos quatro anos.

Joguei muita coisa. Para simplificar: o primeiro foi o telejogo da Philco, que tinha o Pong e variações sobre o mesmo jogo (Pong para 4 pessoas).

De todas as gerações a que considero mais frágil e estranha é a atual.

Desde que ingressei na PSN tenho “debatido” com meus amigos a respeito do rumo que nosso vício está tomando. Com os downloads e ativações perdemos a propriedade (física) dos games que compramos, os Hard Drives ao mesmo tempo que permitiram jogos maiores (nem por isso mais bem feitos), trouxeram a fragilidade dos computadores (nos quais também jogo) para os consoles.

Sempre falei que videogame tem que ser torradeira: coloca a torrada conta até três e ela sai pronta do outro lado. Isso está acabando. Já estou no segundo PS3, na verdade, o terceiro “da casa”. Os consoles nunca estiveram tão sucateados como agora, seja Sony ou não.

Tem também o grande “Hype” dos jogos on-line. Sim, eu jogo online, mas não é a minha preferência. Inclusive, como gamer dinossauro, um dos motivos que me levaram para esse universo foi a imersão virtual, habitar um universo paralelo, bem longe do nosso mundo. O jogo online, quando é com desconhecidos, costuma ser recheado de palavrões, auto-afirmação e covardia. Por isso que um bom “single player” sempre será minha prioridade. Mesmo assim, vamos analisar em postagens futuras, pelo menos, uma boa quantidade dos jogos online atuais.

Não temos como fugir do assunto mais importante no mundo da tecnologia: o ataque à PSN.




Prosseguindo com a proposta do cafezinho de fugir do óbvio, lancemos a luz: Não seria coincidência demais, neste especial momento de fragilidade no Japão, ocorrer o maior roubo da história da Tecnologia de Informação? Até onde sei, hackers não são ladrões. Encontraram hoje no sistema da Sony o nome de um dos maiores grupos de hackers em meio aos milhares de pacotes trocados durante o ataque. Não acho impossível que seja uma pista falsa, visto que o grupo nega participação no ataque (eles gostam de aparecer, mesmo indo pra cadeia).

O que ocorre na PSN é trabalho encomendado, pois o grande mérito de um hacker é a “quebra” e não a venda (pois já tentaram vender as informações).

Como diabos os caras conseguiram fazer isso? A imprensa não está mostrando a complexidade dos fatos: servidores com dados de consoles domésticos foram invadidos na sede da Sony e roubaram os dados de 77 milhões de usuários.

A guerra cibernética já começou faz anos, antes mesmo do Stuxnet (Irã).

Existem empresas que trabalham para derrubar a segurança de grandes corporações (contratadas por elas mesmas) e melhorá-las. Da mesma forma que a maioria dos sites que vendem “bots”, dinheiro virtual e Power Leveling contratam analistas extremamente experientes para desenvolverem este tipo de software.

Não pensem que são gamers viciados e com uma grande causa. São mercenários que não tem o menor amor por jogos e que depois te xingam caso precise de suporte (se acharem interessante, voltamos a esse tema no futuro).

Eu tenho uma forte simpatia pela Sony, mas concordo que não é uma empresa simpática no trato com os clientes, esse fato contribui em muito para essa onda de processos coletivos que eles terão que enfrentar. O que não acho legal é a falta de maturidade e união dos jogadores em nível mundial, incluindo aqui no Brasil. Que classe mais desunida...

Começam logo com essa baboseira de X-Box é melhor que PS3, ao invés de utilizarem o cérebro um pouquinho. Nem quando eu tinha 12 anos eu fazia isso, na verdade, eu sempre queria ter todos os consoles! Não veem que esse problema é sério e afeta a todos (eu acho difícil, no mundo de hoje, que um indivíduo atualizado consiga permanecer anônimo e não compre nada pelo resto da vida na Internet).

Portanto, se alguém vier tirar vantagem de você, dizendo que não foi hackeado, diga pra ele que o final dessa geração e talvez das próximas, pode ter sido abreviado. Que pena.

Dica 1

Nunca deixe de provar um café! A melhor forma de reconhecer o café bom, é provar o ruim.

A Pergunta N°1: "Que café eu compro?"

Se me apresento como Classificador e Degustador ou quando descobrem que sou fonte de informações sobre café, vem a pergunta fatal: "Que café eu compro?". De imediato eu caio num abismo. Essa resposta envolve explicações extensas e acima de tudo, o ouvinte deve estar preparado para a resposta, cabeça aberta para adquirir uma nova cultura, paciência e vontade de aprender. Já adianto que não será possível dar uma resposta completa de uma vez só. Com o decorrer do tempo, com outras dúvidas surgindo e nosso conhecimento aumentando, teremos informações de alto nível para compormos nossa formação.

Parto do princípio que o meu objetivo no cafezinhoetal é fazer com que a cultura a respeito do café cresça e quando digo cultura, me refiro à história, cultivo, apreciação e todas as possibilidades relacionadas ao grão. Outra tática é “soltar” as informações aos poucos, evitando uma sobrecarga de dados e uma baixa retenção do que queremos aprender.

Para comprarmos café, é necessário sabermos o que é um bom café e ainda antes disso, o que é O CAFÉ.

O cafezinhoetal vai sempre “tentar fugir” de fontes retiradas da própria Web.

Eu estudo o café, eu leio sobre café em diferentes idiomas e realizo trabalhos (ainda que cada vez mais raros no Rio de Janeiro) dentro desse campo.

Não vejo sentido em colocar aqui informações que qualquer pessoa pode obter sozinha através de sites de buscas e enciclopédias online, o mérito para isso seria “zero”. Digo “tentar fugir” pois a minha memória tem limites e algumas referências ou enumerações de dados extensos podem ser retiradas da Internet, mas apenas quando sua precisão é garantida. Portanto, peço ao leitor que me desculpe pelas falhas humanas que possam aparecer, mas tenha em mente que a informação colocada aqui vem de diversos cursos e experiências reais adquiridas com tempo e prática, que estão na minha cabeça e não são meras e imprecisas compilações do que se encontra na rede.
 
Básico e objetivo:

Existem mais de 100 espécies de café (não preciso colocar nomes científicos aqui, ninguém guarda), mas duas dessas espécies são mais cultivadas e comercializadas: Coffea arabica e canephora. Quase sempre falaremos do “arábica”, pois produz a bebida mais nobre, classificável e degustável. O canephora (não menos importante), falaremos com o tempo. Por hora, basta saber que o robusta e o conilon são variedades da espécie canephora. Aproveitando a oportunidade, notem que no Brasil robusta e conilon se tornaram sinônimos, quando na verdade são duas variedades, dentro da mesma espécie. O cafezinhoetal já começa derrubando mitos! Eis aí um tipo de informação que não se adquire na internet, na verdade, fiz uma busca sobre o assunto e fiquei surpreso ao descobrir que todos os sites estão informando errado. Bem, paremos por aqui no que diz respeito à botânica.

Coffea arabica
Coffea canephora
Sabendo o que é o café (em termos concretos), retornamos ao café bom.
O canephora é mais utilizado na indústria dos cafés solúveis (mistura em pó, feitos apenas com água, sem filtro). A utilização dessa espécie como blend (mistura de grãos para se obter uma bebida) é prática cada vez mais comum, mas esse é outro assunto extenso...
 
O arábica é o grão que você deve buscar no mercado, caso queira degustar ou classificar uma bebida/grão, por enquanto, retenha esta informação apenas ("Mas..mas...o que você quer dizer quando separa bebida/grão? Então o canephora não é bom? Só posso classificar o arábica? E se eu gostar mais do outro? Argh! Não estou entendendo nada!").

Por aí já se nota a necessidade de sermos pragmáticos nessa complexa escola. Não devemos ainda dar um passo muito grande pois no Universo do café as Leis não são exatas.

Via de regra, o café que possui a palavra "tradicional" (ou não indica nada) na embalagem não é 100% proveniente da espécie arábica. O Gourmet, Premium e Especial são os cafés 100% arábica.

Tente comprar cafés variados, mesmo aqueles que acha ruim. Faça testes, beba como quiser, veja as diferenças entre eles. Por enquanto, não se prenda a certo e errado, utilize seus sentidos, seu olfato, suas papilas gustativas, sua visão.

Aos poucos, entraremos nos detalhes das técnicas de degustação de café, como reconhecê-los e classificá-los, seus defeitos, seu cultivo. Tenha em mente que para conhecer essa bebida, o primeiro passo é experimentar muito.

Sem saber que está aprendendo, quando os conceitos começarem a aparecer, será bem mais fácil acessar sua memória sensorial e relacioná-la ao conhecimento adquirido.